1.2.07

Número 200

Primeiro havia as crônicas semanais e não havia um nome. Na semana 81, o batismo em homenagem ao lado baterista: Rufar dos Tambores. Agora, na aniversariante 200, a newsletter finalmente recebe um formato de verdade. Minha gratidão ao artista gráfico Rogério Gil, um velho amigo, e aos compadres Helio Soares e Lilian Lima – esta última que seu eu chamar de velha amiga, briga comigo!

FORMA X CONTEÚDO

Sempre que leio textos sobre a polêmica relação entre homens e mulheres – cada qual se achando mais valioso –, me recordo de outra disputa igualmente famosa: o que tem mais valor, a forma ou o conteúdo? A essência ou a aparência? A apresentação ou a mensagem? Que se movam os exércitos para um lado e para outro, pois batalhas como essas não têm hora para terminar.

Sou um criador mais afeito ao conteúdo. Meu universo é a palavra e o campo simbólico. Escrevo e falo esperando que o enunciado seja compreendido e "terminado" na mente de quem recebe. Porém, isso é muito mais determinado por minhas deficiências do que por um pretenso talento: na verdade, desde a época de publicitário, morro de inveja dos artistas plásticos e gráficos; dos desenhistas e dos fotógrafos. Estes, sem se gastarem com palavras, falam até demais.


Para não dizer que sou completamente incapaz de produzir imagens, me sirvo da poesia – a maneira de desenhar que dispensa os pincéis. Mesmo assim, gosto mesmo é de combiná-la com a melodia para ver nascer uma canção. E, outra vez, fico dependendo de companheiros talentosos para juntar as notas musicais. Feliz de quem sempre encontra parceria para completar uma obra!


Do mesmo modo como o amor e/ou o sexo utilizam a diferença para perpetuar a espécie, combinando homens e mulheres, a forma e o conteúdo também estão a serviço de algo maior: gerar conceitos. Estes, tal qual um filho, nascerão tão mais bonitos e completos quanto mais herdarem coisas legais dos criadores. De uma idéia nascida em papel pardo escrito à mão até ela se tornar, digamos, um filme cinematográfico baseado em imagens computadorizadas, tudo será regido pelo casamento harmônico (ou não) de forma e conteúdo. Nem a moda, nem a arquitetura, nem a dança, nada escapa desta verdade: o importante é a concepção do conceito.


Evoquei esta relação entre homens e mulheres de propósito, pois simboliza com exatidão minha devoção às manifestações artísticas que não domino: admiro a mulher, mas não desejo ser uma. O que me atrai nela é justamente o que me falta. Assim, quando vejo a capa de um livro, ou sua editoração caprichada, nasce uma inveja positiva, que enaltece aquele que, ao contrário de mim, é apto para produzi-la. O mesmo vale para um encarte de CD, a formatação de uma página de internet, o cartaz de um show. Quero nunca me afastar destes talentosos seres capazes de lidar com a forma a ponto de chegarem ao desejado conceito – mesmo destino que busco com as palavras. No mínimo para compartilhar de ótima companhia durante o trajeto!

7 comentários:

Anônimo disse...

Valeu Rubem, PARABÉNS! O Rufar dos Tambores a partir do número 200 agora tem uma formatação moderna, unindo forma e conteúdo. A crônica 200 não poderia ser outra. NOTA DEZ. O blog é mais uma modernidade que tiveste o cuidado de fazer com muito capricho e evitar excessos. Abraços, Lademir.

Anônimo disse...

Excelente iniciativa, Rubem. Para quando podemos esperar o teu livro, com uma compilação das "melhores" crônicas (deve ser uma escolha difícil... :-) ???

Grande abraço, e muito sucesso!

Rubem Penz disse...

Lademir, Daniel,
grato por comentarem! A opinião de vocês é muito importante. O livro é para breve - espero!
Um abraço,
Rubem

Unknown disse...

Parabéns Rubão! Como um bom músico, dominando do teclado à bateria.
Abraços e sucesso
Adriano de Lima e Silva

Anônimo disse...

Parabéns Mano, o teu blog conceitua os teus escritos.
Grande abraço

Potigua disse...

Alô, Rubem, teu blog está excelente. Não consigo ler todas as tuas crônicas, mas tudo o que li foi aprovado com louvores. Parabéns.
Quanto ao baterista, fica aqui uma sugestão: uma crõnica sobre oas grandes bateristas de todos os estilos que tu conheces, tipo Milton Banana, Edson Machado (um mestre brasileiro), Keith Moon (para mim o melhor baterista de rock, pelo estilo anárquico), Billy Cohbam e tantos outros.

Anônimo disse...

Mano, grande letrista da banda instrumental !! :-))
Belíssima iniciativa!Parapenz à você!!
E põe logo teu livro na roda !!
O mundo é de quem faz aquilo que gosta. Assim, cada brilho trará sua identidade para compor sempre um novo mundo a fazer.
Um abraço bem apertadão!
E.t.: não deixa qqer um penetrar no teu "blog"..:-))

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