31.7.08

Número 276

PARA ALÉM DA LEMBRANÇA

Ninguém estranha quando um velho não consegue mais jogar futebol. Raros são os idosos firmes no campo, atentos e ágeis. Ninguém estranha quando velhos adotam o táxi como meio de locomoção. Aliás, todos consideram isso até prudente, pois não querem ver a integridade física em risco diante de uma diminuição nos reflexos. Boa surpresa é quando alguém com cinqüenta anos de carteira de motorista segue uma rotina intacta ao volante. Ninguém estranha quando um velho pede ajuda para um moço carregar o bujão de gás ou as compras do supermercado. Difícil é uma pessoa sustentar o tônus muscular a ponto de suportar carga sem a menor seqüela, quando os anos já lhe pesam tanto.

Ninguém estranha quando um velho procura diminuir sua intensidade de trabalho, ou mesmo optar pela aposentadoria. Esse direito, respaldado por lei, muitas vezes é imposto pela saúde – tal fragilidade, também, não é algo de se estranhar. Diferente, sob certo aspecto até louvável, é testemunhar um velho trabalhando sem parar até o último de seus dias. Ninguém estranha quando um velho deixa o apartamento que está localizado quatro lances acima do solo para morar no andar térreo. Ou em um prédio com elevador. Espantoso é o velho arriscar um tombo por pura teimosia e ninguém fazer nada a respeito.

Ninguém estranha quando um velho prepara sua sucessão nos negócios. Ou quando ingere quatro comprimidos por dia para equilibrar o organismo; ou quando joga damas por horas a fio; ou mesmo quando pula a página do obituário por preferir a ignorância à desilusão. Ninguém estranha quando um velho chora à toa. Estranhamento causa o idoso que, nem depois de uma vida inteira, se dá o direito à livre expressão das emoções.

Dito isso, por qual razão estranhamos tanto quando um velho se repete o tempo inteiro? Ou se, simples e definitivamente, não nos reconhece no primeiro olhar? Ou, nos reconhecendo, teima em admitir que nos tornamos adultos? Ou nos confunde com o médico, quando somos o amigo, sobrinho ou filho? Por que estranhamos quando as gavetas da memória perdem a etiqueta indicativa dos eventos, causando tanta confusão? O cérebro não será merecedor da mesma complacência que imputamos aos reflexos, à força muscular, à resistência das articulações e do esqueleto? É um crime assim tão grave se tornar um esquecido?

Estranho mesmo deveria ser aquele jovem capaz de jogar futebol, de subir quatro pavimentos pulando os degraus de dois em dois, de comandar várias empresas ao mesmo tempo, de conduzir um automóvel por muitas horas, de citar com precisão pessoas e fatos remotos ou atuais, enfim, no auge de suas faculdades físicas e mentais, esquecer-se de um velho querido. Um velho que não mais poderá procurar por ele, oprimido pela limitação física. Um homem que, um dia, quando brilhante, sempre lembrou dele e, quem sabe, o ajudou a tornar-se tão capaz.

Todos temos ao menos um velho para lembrar de fazer-lhe uma visitinha, quando não vários deles. Caso não façamos, nem que seja uma vez ou outra – quando a saudade da infância ou dos ensinamentos doer fundo –, estaremos sendo os verdadeiros esquecidos dessa crônica. Mesmo que aconteça de não sermos reconhecido pelo velhinho de primeira, ou sermos confundidos com outro, vale muito esta suave pena. Nada é mais gratificante do que ver um sorriso largo na despedida e escutar as palavras sinceras:

– Obrigado por ter lembrado de mim!

Como esquecer?

24.7.08

Número 275

$EPARAÇÕE$

Desde que foi instituído, em 1977, o índice de divórcios cresceu mais de 50% no Brasil. Este percentual ganharia ainda mais vitamina se fossem computadas as separações de casais que, mesmo tendo vivido em situação matrimonial, romperam depois de alguns pares de anos sem jamais terem pisado em um cartório. Os fatores que contribuíram para este fenômeno são muitos e de toda ordem. Mas, diante do vultoso número de ocorrências, se acontecesse de todos os casais de hoje adotarem o “até que a morte os separe” ou, pior, o “viveram felizes para sempre”, quebraria a economia nacional.

Sei que separação, mesmo quando consensual, é um negócio terrível. Cada qual sai juntando os cacos dos ideais quebrados ao despencar da prateleira elevadíssima das expectativas amorosas. O que me ocorreu agora, lendo uma despretensiosa e divertida reportagem de revista masculina, é que, além de dramáticas, as separações são geradoras de ótimos negócios. Os advogados sabem muito bem disso. Porém, a cadeia econômica que se beneficia do fato vai muito além das varas de família.

Instalada a crise em um casal de classe média, a primeira categoria que se inscreve para auferir lucros é a dos psicólogos. (Sim, sim: tem outra turma que ganha dinheiro antes ainda, quando o casal fica de mal. Mas essa não passa recibo.) Nos consultórios, cônjuges e filhos se preparam para o que está por vir, elaboram perdas, projetam convivências. Dependendo da taxa de êxito alcançada pelos psicólogos, os laboratórios virão a faturar com produtos diferentes: em um extremo, antidepressivos. No outro, preservativos.

Marcada a data, chega a vez do setor imobiliário entrar na roda: é preciso comprar ou alugar um apartamento novo; vender a casa para ser transformada em dois apartamentos; vender do apartamento para virar um carro e um JK, essas coisas. Empresa de mudança, arquitetos, pedreiros, pintores, eletricistas, encanadores e diaristas são os próximos a escutar o telefone tocar – isso quando a mudança não acontece para um apart-hotel.

Passada esta fase, está na hora das lojas e indústrias da chamada “linha branca” e moveleira tirar sua lasquinha: no kit básico está o fogão, geladeira, máquina de lavar roupa e louça; cama, mesa com cadeiras, armários e sofá. Mas não pára por aí: lençóis, toalhas, panelas, pratos, talheres, copos e – importante! – taças. Lustres, cortinas, tapetes... Nossa! Quanta coisa se precisa para uma nova casa!

Antes de voltar ao setor de serviços, vamos para os últimos objetos indispensáveis que me ocorrem: muita roupa nova, óculos mais modernos, sapatos, maquiagem, lingeries, cuecas com o elástico funcionando e tudo o mais que possa devolver um pouco de auto-estima. Ou, no mínimo, disfarçar o estado deplorável.

E, enfim, chegamos na gama de novos serviços. (Não, não falarei daqueles sugeridos no início, pois para eles não se passa recibo.) Academias de ginástica lucram na hora – com sorte, logo antecedidas do cardiologista. Cirurgiões plásticos, esteticistas, endocrinologistas – para uma dieta responsável –, garçons, motoristas de táxi, redes de motéis, agências de viagens e um sem-número de profissionais esperam com avidez pela dissolução matrimonial, de olho na mudança de comportamento do ex-cônjuge.

Não ouso afirmar que casais casados não se enfeitam, cuidam-se, namoram, viajam, renovam a casa ou precisam se tratar. Só acho que um divorciozinho dispara uma série de conseqüências que tendem a movimentar a economia. Daqui a pouco, vão culpar quem casou uma só vez pela queda no mercado de ações. Além de estar traumatizando as crianças.

18.7.08

Número 274

ENSAIO DE SACADA – UMA SERENATA INVERTIDA

A estrutura tradicional da serenata é bastante conhecida: um grupo de músicos se reúne logo abaixo de uma sacada, varanda ou janela para entoar suas cantigas até que a dona da casa – ou sua filha, depende – resolva dar o ar da graça. Depois, diante da dama, e tendo toda a vizinhança desperta e encantada para servir de testemunha, o patrocinador das melodias declara sua grande paixão. Porém, mantendo o tripé música/audiência/motivação, participei de muitas serenatas mais ou menos alternativas, por assim dizer.

Por exemplo, nos veraneios da juventude, das inúmeras serenatas que promovemos em turma, nem todas tinham finalidades assim tão nobres como o amor. Com freqüência arrebanhávamos violão, pandeiro, surdo e tamborim para visitar as casas conhecidas, na alta madrugada, pelo simples prazer de tocar até que as luzes estivessem acesas. Depois, convidávamos o morador a se juntar ao grupo e seguir adiante. Era isso, ou “liberar” um pouco de bebida para os músicos e cantores. Até rolava uma sutil chantagem, cantada com os versos de Antônio Carlos e Jocafi levemente alterados: “Oh dona da casa/ Por Nossa Senhora/ Dai-me o que beber/ Senão não vou embora!” A noite era só alegria. A ressaca da manhã seguinte, por sua vez, uma tristeza. (Alerta: ninguém precisava pegar o volante de um carro!)

Por falar em chantagem, e já abandonando a sutileza, nas noites que antecediam o carnaval recorríamos ao degrau seguinte: o da extorsão. Com a desculpa de afinar a bateria, uma mini-escola de samba vagava pela praia fazendo serenatas em altos decibéis, acordando os amigos para trocar nosso silêncio por uma modesta contribuição em dinheiro. Os fins eram nobres: fundos aplicados na infra-estrutura do bloco carnavalesco. Pensando bem, éramos uns chatos que perturbavam o sossego alheio em proveito próprio. Estranho foi só um de nós ter se tornado político – a “escola” de samba dava a lição tão difundida nas campanhas eleitorais.

Meus pais, certa feita, receberam dos amigos uma emocionante serenata cujo motivo foi lindo como a paixão primeira: eles estavam enfim sós, quer dizer, sem mais nenhum filho em casa para deles depender. Como a minha mãe se emociona até hoje ao contar a história da inesquecível homenagem, creio que foi muito doce o restante daquela noite. Além do mais, as músicas escolhidas nunca mais deixaram de tocar seu coração. Nem sei se os promotores avaliam a envergadura de tão boa ação.

Ainda no campo das boas ações, o que acontecerá neste sábado em casa será um resgate da minha tradição de serenatas praieiras, mas com inovações ainda mais radicais. Inverteremos as posições, deixando os músicos na sacada da frente, enquanto o público se posicionará na calçada. Trocaremos também a madrugada pela tarde de sábado. A iniciativa, que foi batizada de Ensaio de Sacada, é uma promoção dirigida aos vizinhos do condomínio em prol da Campanha do Agasalho 2008. Esperamos usar a música como aglutinador, apostando no inusitado desta situação como chamamento. Incentivamos a todos para virem assistir jazz e bossa-nova trazendo doações de roupas e alimentos para a comunidade carente do município.

Valer-se de apresentações de artistas para causas sociais não é nenhuma novidade. O Sting e o Bono Vox, entre outros, fazem o mesmo, porém com repercussão mundial. Mesmo assim, duvido que algum dólar amealhado nos mega-shows internacionais tenha chegado aqui por perto – mérito que teremos. O singelo Ensaio de Sacada já comoveu a meninada do condomínio, que ajudou em sua divulgação. Espero que mobilize, também, os vizinhos. E que a música aqueça seus corações.

10.7.08

Número 273

SE MEU FUSCA FALASSE

Quem gosta de motores e automóveis espera para qualquer momento uma morte anunciada: para breve, o tradicional motor à explosão dará lugar a um novo, alimentado por energia alternativa ao petróleo (ou mesmo ao álcool). Enquanto isso não ocorre – só Deus sabe o jogo de forças econômicas envolvidos nesse imbróglio –, a singeleza de pistões para cima e para baixo já esconde uma infinita revolução silenciosa, levemente sinalizada a cada temporada da Fórmula 1. Fora do “circo”, a face perceptível do fenômeno é uma nova carapaça cobrindo os motores, abaixo da tampa do capô. E, diante dela, um motorista absolutamente refém das novidades, quase todas de caráter eletrônico.

Hoje, quem abre o cofre do motor só vê a vareta do óleo, as tampinhas dos reservatórios de água e, com sorte, a bateria – selada, é claro. Tudo mais está coberto, num claro sinal de que, em caso de pane, não adiantará nada fuçar. Nem sempre foi assim... Nos velhos tempos em que a grande piada era perguntar ao incauto onde estava o radiador do Volkswagen Sedan, as peças do motor eram mais escancaradas do que umbigo de vedete (para ficar em um ditado contemporâneo). Lá estavam as velas, o alternador, o carburador, o distribuidor, todas as correias, as buchas, um mundo pronto para ser explorado por olhos, mãos e mentes curiosas. Um motorista cuidadoso checava uma série de itens como, por exemplo, o nível da água da bateria: sim, chamávamos o fluido de água mesmo. Pior (ou melhor, depende): em caso de necessidade, bastava completar o segmento da bateria com água da torneira que funcionaria também.

Os fanáticos faziam muito mais: escolhiam um final de semana sem grandes passeios para desmontar e limpar o carburador. A função começava no sábado, com a escolha do jeans e camiseta mais velhos. Passava pela caixa de ferramentas e terminava, com sorte, no domingo à tarde, lavando um carro que dava partida. No meio disso, minúsculas pecinhas se encontravam no fundo de latas de solvente, entre uma esfregadela e uma escovada, esperando a hora de voltar ao local de origem. Nesses dias, eu era o amigo curioso que ficava ao lado, peruando e pensando que o carro tinha muita sorte de não depender de mim para voltar à vida. O máximo que fiz até hoje foi trocar eu mesmo o óleo, completar fluido de freio, secar o distribuidor (nos velhos tempos) e trocar fusíveis. O restante, sempre preferi delegar aos profissionais.

Com a eletrônica em alta, pena de quem gosta de mecânica. Ou compra um kart, um fusca ou outro dinossauro sobre rodas, ou se contenta em assistir programas sobre o tema na TV. Hoje basta apenas conhecer o número do guincho ou da seguradora. Os motores estão com auto-suficiência tamanha que, creiam, adaptam-se aos motoristas. “Aprendem” como o dono guia o carro e fazem as compensações necessárias para obter o melhor resultado. Estranham até quando se muda o fornecedor de combustível, acusando a traição – assemelhando-se perigosamente com as esposas. (Não reclamem, meninas: o tema pedia ao menos uma observação machista.)

Não é só: tem automóvel que não liga enquanto o motorista está sem cinto de segurança. Outra novidade é o carro equipado com “bafômetro”: rodou no teste, ficou parado. Do jeito que a coisa vai, alguém terá a idéia de equipar o computador de bordo com um sistema karaokê. Nele, ao chegar no destino, o piloto receberá uma nota. Cinco e meio, por exemplo. E ficará a angústia: onde eu errei a passagem de marcha? Esqueci de ligar o pisca? Não dava para ficar em quarta ladeira acima? Ou, ainda pior, um automóvel meio Big Brother, com um software impertinente e que falará com o motorista: “Você já foi mais suave nas curvas, não? O banco está muito reclinado – olha a coluna! A troca de óleo está atrasada duzentos e oitenta quilômetros...” Sim, DR em pleno engarrafamento. Duvida?

Algo que não tem preço! 3

Oficina de Crônicas Módulo 1

O escritor Rubem Penz nos mostra toda a delícia e o desafio de se escrever uma crônica. Profundo conhecedor do assunto – ele próprio um cronista de senso muito apurado, além de sensível – nos revela os tipos de crônica possíveis, as referências mais importantes, os autores que devemos ler e, ainda por cima, dá dicas preciosas. Rubem Penz é também um mestre atento e meticuloso ao analisar os textos de seus alunos. E, mais do que tudo: é generoso.

Vera Moreira

4.7.08

Número 271

A ÚLTIMA É A PRIMEIRA

A notícia girou o planeta: falece, aos setenta e sete anos, a ex-primeira-dama brasileira Ruth Cardoso. Doutora em Antropologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), professora e pesquisadora da USP, foi docente em universidades de países como França, Chile e Estados Unidos da América. Atuava, também, como membro associado do Centro para Estudos Latino-Americanos da Universidade de Cambridge (Inglaterra)
e membro da equipe de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap – São Paulo). Enfim, uma intelectual valorizada e reconhecida no mundo inteiro. Foi a partir de dona Ruth que muitos dos atuais programas de inclusão social brasileiros surgiram – tal como o Comunidade Solidária – e foi depois dela que a posição de primeira-dama viu nascer um novo paradigma.

No princípio, minhas referências de primeiras-damas nacionais não chegavam a empolgar, pois não vivi a época em que Maria Teresa Goulart rivalizava em elegância e beleza com Jacqueline Kennedy. Nasci em 1964, tempo de regime militar e nenhuma liberdade de imprensa. Recordo de dona Lucy e dona Dulce, mulheres nada diferentes do que se esperava das boas mães de família. Em 1985, eleito Tancredo Neves, poucas mudanças prometiam com a ascensão de dona Risoleta: no máximo uma rima perigosa. Porém, ficamos mesmo é com a discreta figura de Marly Sarney. Mas o ruim iria piorar... Quisera esquecer Rosane Collor – com seus modos, roupas, irmãos e bagagem cultural, superada em mau gosto tão somente por algumas namoradas de Itamar Franco. Quando dona Ruth subiu a rampa do Planalto, ou mesmo antes, ao lado do poderoso Ministro da Fazenda, o alívio foi geral.

Estranhamente, Ruth Cardoso fez mais por nossa nação – povo e imagem internacional – do que a maioria dos representantes públicos eleitos. Com seu perfil discreto e sereno, duvido que recebesse mais do que meia-dúzia de votos populares em uma eleição direta. Aliás, antes disso, não creio que se submetesse a um sufrágio em virtude do que isso viesse implicar. O que não significa uma recusa à política maiúscula, instância que sempre fez parte de sua rotina. Afinal, viveu no exílio, retornou com a cabeça erguida e uma carreira acadêmica consolidada para, a partir da abertura, tornar-se a esposa de um dos mais influentes governantes de seu tempo. E, longe dos holofotes, atuou com maestria.

Em um caso de nepotismo às avessas, em vez de uma companheira se beneficiar do cargo do marido em proveito pessoal, foi o Brasil quem saiu favorecido na eleição de Fernando Henrique Cardoso, recebendo dona Ruth como primeira-dama. Reconheço que, a partir daí, o parâmetro se tornou muito elevado. Porém, isso não justifica a visível inoperância de dona Marisa Letícia, a atual, de quem não se escuta um único ai. Aliás, ela só é notícia por causa de cirurgias plásticas, jardins, vestidos e, claro, por acompanhar, como nunca antes na história deste país, tão de perto o presidente em suas viagens para cima e para baixo.

Em 2010, sonho com um governo capaz de levar o Brasil um passo adiante em diversas questões. Espero que seja honesto e tenha coragem para alterar o quadro político atual: com seriedade e caráter não será tão complicado atender esse meu – nosso! – anseio. Agora, não alimento ilusões de ver um cônjuge (primeira-dama ou primeiro-cavalheiro) superando dona Ruth Cardoso tão cedo. Na minha preferência, ela, que foi a última, para sempre será a primeira.

Algo que não tem preço! 2

Queridos amigos,

Convido-os a participarem da Oficina de Crônica de Rubem Penz, promovido pelo Centro Cultural-Pedagógico Auxílio ao Tema (www.auxilioaotema.com.br). Estou certa de que vão gostar. Eu já fiz dois módulos e fiquei muito satisfeita. Penso que todos temos um cronista adormecido dentro de nós. E o Rubem é especialista em despertá-lo.
Para quem, como eu, o ato de escrever vai além de um simples ofício ou hobby, estas oficinas são tudo de bom. Nelas eu aprendi a escrever melhor. Aprendi a ser humilde e aceitar críticas. Aprendi que escrever não é necessariamente um dom. Escrever bem depende de vontade e técnica. Aprendi que escritor não nasce pronto; é fruto de muito trabalho e perseverança. Aprendi que é perfeitamente possível escrever sobre assuntos que não domino – para isto existe a pesquisa. Aprendi a reconhecer um bom texto. Aprendi que o mínimo em muitos casos é o máximo.
Recomendo, também, para aqueles que não são viciados, mas têm muito a dizer e não sabem como. Fazer crônicas ajuda a pensar de forma mais organizada. Aprendemos a ser melhores leitores de livros. Colocamos um olhar mais crítico sobre as nossas leituras da vida. A gente exercita o ato de se posicionar sobre temas cotidianos, polêmicos ou não. É uma oportunidade de se mostrar e de quebrar barreiras internas. Muitas vezes nos surpreendemos com a nossa própria imagem, desenhada de forma tão linear numa folha de papel.
Além de tudo isso, há o lado humano do Rubem: camarada, didático, culto, sensível e envolvido com a turma. Nas oficinas fiz novas amizades e convivo com pessoas afins, numa constante troca de experiências que só me faz crescer.
E o melhor de tudo é que, agora, tem também à noite, para vocês que trabalham de dia e se queixam de falta de tempo.

É por essas e por outras que eu recomendo.

Um grande abraço,
Zulmara