29.7.09

Número 328

EXPRESSO

Entrei no bistrô para ali investir o precioso lapso de tempo que a manhã me proporcionava. Mal sentei à janela, o garçom se aproximou no ritmo ideal: nem tão rápido que sugerisse a ansiedade latente de um estabelecimento vazio, nem tão lento como a indicar um bom motivo para o grande número de mesas desocupadas. Solícito, me alcançou o cardápio, recolhendo-o diante do meu gesto de dispensa. Eu já sabia o que pedir.

– Preciso de uma crônica, por favor.

O garçom inclinou a cabeça, apertou suavemente os lábios e arqueou a sobrancelha. Demorou alguns segundos processando o pedido: quem sabe algo em mim não indicasse tal preferência? Buscando mais informações, perguntou se eu desejava um acompanhamento.

– Não, obrigado. Por hora, nada mais.

Ele assentiu, deu um passo curto para trás, girou e partiu na direção do grande balcão de madeira. Virei-me para a janela e deixei que a música ambiente se fizesse notar: Billie’s Bounce, do Charlie Parker. Na falta de alguém para conversar, aí estava o jazz para ser a boa companhia durante a espera...

Do lado de fora, a cidade não parecia sentir nem um pouquinho a minha falta. Os automóveis seguiam em sua habitual urgência, quase não acreditando ser necessário parar para atender a ordem do semáforo de pedestres. Quem estava a pé dividia-se entre taciturnos e distraídos. Todos, porém, dentro e fora dos carros, pareciam colocar o pensamento logo adiante – para o que lhes esperava –, esquecendo de viver o presente. Ninguém olhava para ninguém.

Uma moça de casaco claro, meio tom acima do cachecol, falava sozinha. Procurei por aquele ridículo fio em sua orelha que indicasse o uso do estranho vivavoz do telefone celular. Nada. Melhor assim... A impressão do lado de cá da vitrine era de que ela fazia um ensaio. Isso: ela repassava o texto, com direito a suas diversas nuances. Quando recebeu o sinal verde, partindo para meu lado da rua, uma das mãos mantinha a bolsa firme contra o corpo, e a outra, fechada, apertava-se com energia. Fosse o que fosse o motivo da palestra íntima, parecia sério.

Neste instante, um motoqueiro de entregas ameaçou disparar sobre ela, avançando na faixa de segurança. A mão que estava crispada se espalmou como quem grita pare, ao mesmo tempo em que o corpo saltava para o lado. A mim, que assistia, coube apenas puxar o ar em sobressalto. Os dois trocaram olhares e, cada um com suas razões, xingamentos. Ambos terminaram suas tarefas: ela atravessou a rua, ele prosseguiu com sua roleta russa.

O garçom chegou com a xícara fumegante, atraindo a minha atenção. Dentro dela, o líquido escuro e aromático estava coberto por uma diáfana espuma. Indicou onde estavam o açúcar e o adoçante, se quisesse, e ofereceu um biscoito de canela para acompanhar. Mesa posta, incluindo a comanda de pagamento, retirou-se assim que agradeci.

Quando voltei os olhos para a vitrine outra vez, procurei, mas não vi a moça do cachecol. Todos os demais prosseguiam com sua ensimesmada pressa metropolitana – como se aquela esquina existisse apenas para ser abandonada o quanto antes. Respirei fundo. Ou melhor, suspirei. Agora, ao som de Round Midnight, de Thelonius Monk. Porém, enquanto balançava a cabeça como quem diz que tudo está errado – minha vez de falar sozinho –, reparei que a tal moça entrara no bistrô.

Esperança: mais alguém na sexta-feira de manhã teria disposição para fazer a breve pausa de ler uma crônica. Ou até de servir de inspiração.

22.7.09

Número 327

NA HORA DO SALTO


E o beijinho vai para quem?
Xuxa


Um dos grandes feitos de nossa história recente completa quarenta anos em 2009: a chegada do homem à lua. Ação importante na trincheira científica da Guerra Fria, o pouso do Módulo Lunar da espaçonave Apollo 11 foi um dos primeiros fenômenos de comunicação de massa, acompanhado por milhões de pessoas em escala global. Conscientes da relevância do momento, os norte-americanos buscaram capitalizar o máximo de proveito do episódio, principalmente depois de assistirem ao soviético Yuri Gagarin ser o primeiro homem a alcançar o espaço a bordo da Vostok 1, em 1961. Desde então, pairava pelos corredores da NASA, tal qual o sussurro de um fantasma, a marcante frase do orbitante Gagarin: “A Terra é azul, mas não há Deus”.

Assim, tanto quanto os estudos técnico-científicos que permitiram aos astronautas pousarem e decolarem em segurança do solo lunar, os aspectos de comunicação também foram minuciosamente planejados. Filmagem, transmissão, bandeira, fotos, tudo pensado para enriquecer a História com informações e símbolos relevantes. Nos poucos anos que separaram as expedições de Apollo e Vostok, muito havia se avançado em termos de comunicação, o que permitiria uma visibilidade extrema. E, necessariamente, uma nova frase haveria de suplantar a anterior: “Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a Humanidade”, dita por Neil Armstrong.

Por uma questão de romantismo, quero crer que os astronautas foram os autores das duas belas frases. No fundo, claro, e muito por causa da força de ambas, existe a possibilidade de alguma delas ter sido previamente criada. Soube de uma especulação em que o próprio Armstrong teria dito de forma errônea o texto decorado, trocando o correto “um homem” por “o homem” na primeira parte de seu enunciado. Aqui e agora, o mais importante para mim é exaltar a eficácia das palavras que foram proferidas em tais momentos cruciais para a Humanidade. Em igual proporção, louvar as frases marcantes de nossa vida, venham elas de iluminados improvisos ou ensaiadas linhas. Ao mesmo tempo, e por consequência, lamentar que tantas pessoas perdem essa oportunidade de ouro.

Por exemplo, o que acharíamos da seguinte cena: abre o microfone de dentro do capacete do primeiro homem a pisar em Marte. É dele o minuto para ser escutado por todos. Então, vemos o herói tirar do bolso do macacão espacial um papelzinho dobrado, enquanto confessa meio constrangido que precisa de uma “colinha”, mesmo tendo dias e dias para ensaiar suas palavras. Com a voz trêmula de emoção, ele agradece à sua avó, que tanto o incentivou desde os primeiros anos escolares; à sua mãe, que não poupou sacrifícios para que ele chegasse até ali; ao seu pai, esteja ele onde estiver, pelo exemplo; aos seus irmãos, pela camaradagem, e, finalmente, à sua noiva, que abriu mão de muitos finais de semana com ele enquanto estava se dedicando aos exaustivos treinamentos no Centro Espacial. Ah, em desagravo a Gagarin, agradeceria também a Deus: sem Ele, nada alcançamos.

Pois é... Aproxima-se o momento da série de cerimônias de formatura nos mais diversos cursos superiores. E, fazendo questão de acompanhar uma das benquistas professoras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), minha esposa, já estou preparado para escutar dezenas de vezes palavras, se não iguais, muito semelhantes àquelas que coloquei na boca do nosso hipotético homem que pousou em Marte. Por isso, minha vontade seria, antes, chegar aos alunos planejam sua colação de grau e pedir: pelo bem comum, que os formandos tenham direito a vinte, no máximo trinta palavras individuais no púlpito – maior extensão cabe, no protocolo, ao orador da turma. Depois, mostraria o magnífico poder de síntese das frases do soviético e do americano. Por fim, explicaria que, para eles, a formatura será o momento do primeiro grande salto de suas vidas, um instante que ficará para sempre. Logo, é a hora exata para falar pouco, todavia muito, muito bem. Este sim, um belo presente à mamãe!

15.7.09

Número 326

MENTIRAS PRESERVATIVAS

A vida de maridos que mentem sistematicamente para suas esposas não é nada fácil. Não que seja complicado inventar histórias, desculpas, explicações. Em regra, os homens são bastante criativos e escorregadios. E solidários, caso necessitem de álibis de parceiros de farra. Porém, do outro lado, encontram mulheres equipadas pela natureza com uma atenção diferenciada (principalmente quando o tema interessa) e uma memória muito, muito superior.

Neste momento, surge um paradoxo: ao criar uma mentira, se ela for pobre em detalhes, jamais será verossímil. Ou, em outras palavras, não colará. Porém, a chance de o mentiroso lembrar por bastante tempo dos detalhes de uma história elaborada e, por isso, presumível, é pequena. Menor ainda será a memória de um eventual comparsa. Por sua vez, a impressionante memória feminina guardará o enredo tintim por tintim. E no futuro, por acaso ou de propósito, a mentira poderá ser desvendada, gerando um desgaste infeliz.

Dias atrás, conversando com um amigo escolado, recebi orientações preciosas para resolver esse problema (o qual, diga-se de passagem, nem tenho). Com rigor quase científico, me disse que devemos ter sempre na lembrança a lição que o educador sexual dá aos pais para quando as crianças fazem perguntas sobre reprodução humana: não informe nada além da curiosidade. Na esperança de que o texto até aqui tenha sido suficientemente calhorda para levar as moças a abandonarem a leitura, reproduzo alguns dos exemplos citados:

Caso tenha perdido a aliança em uma atividade suspeita, e resolva inventar um assalto para explicar seu sumiço, seja econômico: foi na calçada, um homem, armado que, com pressa, levou o anel e mais nada. Não diga o nome e o calibre do revólver. Mesmo sem saber a diferença entre um 22 e um 38, elas guardarão os números e isso pode levar a uma contradição. “Arma” basta. Jamais descreva o assaltante! Diga que foi rápido demais e você nem viu direito. “Perto do escritório” pode ser suficiente. Tudo o mais pode ser passível de testemunhas.

No caso de não ter perdido nada além da hora, explique o atraso com um mínimo de informações. Experimente, primeiro, culpar o trânsito. Mas não caia na tentação de imaginar um acidente, uma obra viária, uma blitze da Polícia Federal. Se ela pedir detalhes, diga que “deve ter acontecido alguma coisa”, e prometa buscar a explicação no jornal do dia seguinte. Quando chegar em casa exalando perfume feminino, diga que foi uma demonstradora que, reparando na sua aliança, borrifou em você para convencer que seria um bom presente de aniversário. Porém, jamais descreva a tal demonstradora: seu inconsciente pode lhe trair e dar pistas do que, justamente, deve ser ocultado.

Dito assim, parece fácil. Mas não é. Se você faz parte da categoria dos homens que recorrem à mentira como ferramenta de harmonia conjugal, pode dar o azar de estar casado com uma mulher perspicaz. Ela, então, fará perguntas para descobrir uma contradição. E guardará as minúcias para futuras inquisições. O segredo é tentar ficar na superfície das generalidades, respirando aliviado, enquanto ela tenta desesperadamente puxar você para as profundezas do detalhamento.

Bom, para o caso de alguma mulher ter chegado até aqui, um consolo: no caso invertido (o de ser ela quem pula a cerca), qualquer explicação mal criada será suficiente. Bem no fundo, tudo o que os maridos querem é nada descobrir.

9.7.09

Número 325

DORME, CAROLINA

Carolina nasceu de parto normal, três quilos e meio, 48cm. Conduzida ao colo da mãe pelo obstetra, ali, nos primeiros instantes, amassadinha e vermelha, não se parecia nem com ela nem com o pai: parecia, isso sim, cansada. E cansada permaneceu durante todo o período em que estiveram na maternidade – mal e mal cochilava, já abria os olhos outra vez. E chorava um pedido incompreensível que punha a mãe nervosa.

Quando deixaram o hospital, eram duas sem dormir. Por isso, talvez seguindo algum instinto, a mãe restringiu tanto quanto pode o assédio natural e carinhoso de amigos, vizinhos, tios e avós em sua casa. Invertendo o senso comum, não era ela quem adormecia quando Carolina pegava no sono: a menina que parecia descansar apenas quando a mãe, exausta, apagava. Porém, bastava alguém entrar no quarto para os olhos da criança se abrirem outra vez. E, com eles, o choro.

A estranha relação de Carolina com o sono quase terminou com o casamento. O marido, lógico, não aceitava com alegria sua expulsão do quarto do casal. Mesmo assim, reconhecia a necessidade, pois a filha não pregava o olho enquanto ele não se retirava. A salvação foi descobrir que ela ficava muito mais tranquila quando a própria mãe se ausentava, deixando-a só. A partir de então, viram Carolina dormir em seu próprio quarto, sozinha, porta fechada, tudo com menos de três meses de idade.

Nunca, porém, o sono da menina deixava de ser preocupação. Quando começou a falar, suas queixas eram estranhas: sombra, mamãe. E escureciam ao máximo o quarto. Lagartixa, mamãe: e caçavam o animalzinho no canto do teto. Mosquito, mamãe: bom, essa reclamação encontrava eco na normalidade. Aos cinco anos ela ganhou um pequeno aquário habitado por um peixe Beta. Colocaram sobre a escrivaninha, imaginando que seria bom para ela curtir a companhia. Na manhã seguinte, lá estava o aquário no corredor, do lado de fora da porta do quarto. Perguntaram a razão. Ele nada durante a noite, foi o que explicou Carolina.

Aos poucos o problema ficava claro: Carolina, desde que nascera, despertava com o menor movimento que percebesse. Por isso adormecia no escuro, sozinha, sem nada se mexendo ao redor. Também essa era a razão de ter destruído três móbiles dados pelo tio (e não uma suposta antipatia que imaginávamos). Dar-se conta desse problema a fazia sofrer, principalmente depois de passar a noite em claro na primeira, e única, vez em que foi dormir na casa de uma amiga. E, para receber colegas e primos em sua casa, só se dormissem na sala de TV. Viagens, passeios, excursões, campeonatos esportivos em outra cidade, nem pensar. E isso explicava o fato de se manter acordada dentro do automóvel, quando todas as crianças dormem ferrado em viagens.

Carolina cresceu. Os filhos sempre crescem. E muito mais rapidamente do que gostariam os pais. Hoje, já uma moça, como não poderia deixar de ser, a menina está namorando. Fernando é o nome do rapaz. Estuda Educação Física, tem quase dois metros de altura e ficou para dormir. Armaram para ele o sofá-cama da sala de televisão, na esperança de que se acomodasse com razoável conforto. Neste momento a mãe está na cama, mas não consegue dormir: o pai caminha de um lado para outro sem parar, bem na frente dela. É compreensível sua preocupação. Ao desconfiar de que algo se move para além de sua porta, teme que Carolina não esteja dormindo.

2.7.09

Número 324

MEMÓRIAS DO FUNDO DO BOLSO

Nasci muitas moedas atrás, lá nos idos dos anos sessenta. Meu pai tinha pouco menos de trinta anos de idade à época. Ele, quando infante, viu morrer o Mil-réis – a moeda que antecedeu nosso primeiro Cruzeiro (Cr$). E foi com as novas cédulas que ele pagou sua grapete, as entradas de cinema, as passagens de bonde. Pagou a faculdade, as alianças que ofereceu à noiva e a maternidade de seus três primeiros bebês. Depois, na curta vida do Cruzeiro novo (NCr$), pagou o hospital que recebeu o filho caçula e, no mesmo ano, as entradas para ir comigo na inauguração do estádio Gigante da Beira-Rio. Com NCR$ comprou a pipoca daquela noite mágica em que o Colorado enfrentou o Benfica de Portugal, time do lendário Euzébio (Inter 2 X 1 Benfica). Para ficar no futebol, os Cruzeiros novos deram lugar outra vez ao Cruzeiro em 1970, um pouco antes de nos tornarmos Tricampeões Mundiais com Pelé, Zagallo, Jairzinho e companhia.

Mesmo reconhecendo que o primeiro Cruzeiro e seu novo (NCr$) saldaram despesas representativas na minha existência, a primeira moeda com que lidei de verdade foi o renascido Cr$. Era com Cruzeiros no bolso que eu pagava o sanduíche prensado durante o recreio no colégio, comprava gibis do Mickey e da Mônica, e picolés Chicabom nos verões intermináveis das férias na Praia do Barco. Com essa moeda levei para casa, orgulhoso, um LP da Clara Nunes. E os Cr$ foram acompanhando meu caminho musical até eu bater nas portas do jazz, no impecável álbum Zabumbê-bum-á de Hermeto Pascoal (1979). Temas como Suíte Norte Sul Leste Oeste abririam meus sentidos para, literalmente, todas as direções. Ainda com o mesmo padrão monetário, desgastado pela persistente inflação, entrei e saí da universidade, caindo no mercado de trabalho em um período de economia muito, muito desafinada. E de desvalorização monetária ensurdecedora.

Em 28 de fevereiro de 1986, no instante em que, entre amigos, cruzávamos o Rio Mampituba (a divisa entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) nasceu o Cruzado (Cz$). Voltávamos de férias em Florianópolis. Dílson Funaro era o pai da nova moeda, vinda para tempos de Nova República. O mais proeminente ministro do primeiro governo civil de nossas vidas, presidido por José Sarney, cortou, junto com o cordão umbilical, três zeros da antiga cédula. Naquele dia, com tantas incertezas quanto esperanças, eu mudava de categoria: deixava de ser um pé-rapado milionário para me tornar um pé-rapado na casa das dezenas. Foi, também, o momento em que minha vida coincidiu com a vida das moedas nacionais: várias mudanças em pouco tempo. Pulando de plano em plano econômico, troquei de profissão, noivei, casei e descasei. Tudo isso entre Cruzados, Cruzados Novos (NCz$) e os Cruzeiros outra vez – a nova/velha moeda. Perdi as ilusões, muitos zeros no caminho e, tristemente, boa parte dos cabelos. Conheci uma nova companheira: a enxaqueca.

O Cruzeiro Real (CR$), sétima moeda que caía no meu bolso, foi criado por Itamar Franco em 1° de agosto de 1993. Isto é, nas portas dos meus 29 anos, coincidindo com a idade do meu pai à época em que nasci. No mês seguinte encontrei minha amada e, antes da chegada da URV (um fator de conversão com cara de dinheiro) e do Real (R$), já estávamos casados. Assim, para nós será sempre muito fácil saber a idade do atual padrão monetário, cujo aniversário de quinze anos aconteceu dia 1º pp. Na vigência do Real construímos a família. Tediosamente, nossos filhos não conhecem outra moeda. Nem os constantes cortes de zeros arremessados nos dragões da inflação. Nem sabem o que é a inflação. Eles acham isso tudo muito maluco!

A solidez da economia brasileira talvez seja o principal benefício resultante de nossa jovem democracia, senão o único. Meu desejo, agora, é que em um futuro próximo meus filhos escrevam um texto sobre os escândalos políticos, a anarquia administrativa e as fraudes generalizadas estampadas em nossas manchetes de jornais. E leiam para os meus netos, explicando o inexplicável: como conseguíamos viver daquela (dessa!) maneira. E anões do orçamento, mensalões e atos secretos soem tão distantes quanto Mil-réis, Cruzeiros e Cruzados. Enfim, que o nepotismo, a corrupção e o clientelismo sejam, de uma vez por todas, moedas fora de circulação.