5.7.07

Número 222

 

O TAL COELHO

 

Magia pura: diante de uma platéia agitada, o homem entra no palco de fraque, capa e cartola. Despe-se da capa em uma coreografia grandiloqüente. Avança. Faz uma reverência ampla e, ainda dançarino, apanha com as mãos a cartola que tomba, ensaiada, de sua cabeça. Retorna ao centro do palco para depositá-la em uma mesa. Apanha sua varinha mágica e, três toques depois, retira da cartola um lindo e alvíssimo coelho. Palmas entusiasmadas!

 

Todos os que se propõem a escrever crônicas, contos ou poesias, como eu, também agem como o mágico acima descrito. Isto é, topam subir ao palco metafórico, criar os próprios salamaleques e, para o encantamento do respeitável leitor, tirar muitos coelhos da cachola. Tanto quanto formos competentes, maior será o brilho no olhar do público.

 

O livro é o ápice desta magia. Com ele, nossos truques ganham cenário de luxo – capa sedutora, diagramação caprichada, apresentação, orelha e sumário. Além do mais, galgam uma espécie de vida própria, como se rompessem com o autor para sair encantando sozinhos. É quando nós mesmos nos maravilhamos com a ilusão um dia criada, e que se torna real na mente do leitor.

 

Vivi, ainda agora, a minha primeira noite de autógrafos. Ok: já havia lançado um CD, com show e tudo. E, na época, distribuí autógrafos na qualidade de baterista. Mas, assinar sobre o primeiro livro foi algo de uma força incomum. Custo a crer que foram momentos de verdade, pois nem em minha mais otimista ficção pensaria em passagens tão felizes.

 

Quero agradecer, de coração, a todos os que fizeram parte do espetáculo em que se transformou o lançamento de O Y da questão. Nomeando alguns, por justiça plena: Lóris Brissac – editora; Alex Medeiros – design gráfico; Annete Baldi e Márcia Ivana – seleção das crônicas; Valesca de Assis – orelha; Luís Augusto Fischer – apresentação. Além dos queridos anfitriões Carlo & Sandro Zanetti – proprietários do Z Café. Por detrás de determinados nomes, suas competentes equipes.

 

Por fim, gostaria de demonstrar toda a gratidão aos queridos amigos que no Z compareceram. Afinal, foram os protagonistas de uma mágica que eu jamais imaginei possível. Chegaram de todos os lados para tirarem de uma carinhosa cartola o súbito coelho: era tanta gente que, para os passantes, eu virei um Paulo Coelho!

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