20.5.10

Número 370

HOMENS DE A a Z

Por mais que se diga ou escreva, parece que o homem não consegue compreender a mulher em sua abrangência, nem ela a cândida simplicidade masculina. Desconfio que exista um firme e grandioso propósito para que seja mesmo assim. Assim mesmo, prossigo com empenho no encalço do entendimento mínimo, reconhecidamente tarefa de Sísifo. Quem sabe um dia chego lá? Um primeiro passo é tentar que elas, mais inteligentes, nos conheçam. Segue umas pistas:

A ‒ Amigos: temos e cultivamos, gerando despeito em algumas esposas. Amigas, também temos, mas aí é um pouco mais complexo.

B ‒ Bigode: real ou metafórico, todo homem tem o seu para honrar. Ou desonrar.

C ‒ Calvície: tema que, ironicamente, jamais abandona nossa cabeça.

D ‒ Dólares: nosso botox, nosso silicone, nosso esmalte, chapinha ou tintura. Beleza e juventude no melhor papel (moeda).

E ‒ Esporte: no Brasil, principalmente futebol. Nossa batalha civilizada. Nosso descarrego, assunto, válvula de escape. Tudo de bom!

F ‒ Força: o último baluarte da masculinidade. O cume e, ao mesmo tempo, a raiz da árvore. Medindo, usando ou abdicando, sejamos sempre fortes.

G ‒ Gol! Assim, só isso. E precisa algo mais?

H ‒ Herói: não importa a natureza da batalha, perseguimos tal epíteto.

I ‒ Infância: de onde jamais saímos. Também, ou por isso, para onde nunca conseguimos retornar.

J ‒ Janete: minha primeira professora. Outros homens podem ter a sua em outra letra, mas na mesma intenção.

K ‒ Kilt: precisa ser muito homem para vestir esse (ul) traje!

L ‒ Navalha, faca, espada, canivete: homem que é homem domina uma lâmina.

M ‒ Mulher: razão primeira de nossa existência. Nem por isso consensual.

N ‒ Nunca! Prerrogativa que nos cabe. Podem espernear.

O ‒ Óbvios: é quase sempre o que somos, raros momentos de exceção. Nem bom nem mau ‒ simples assim.

P ‒ Pênis: morram de inveja! (Obrigado, Freud!)

Q ‒ Queda: o melhor momento para se conhecer um homem.

R ‒ Riso: solto, livre, contagiante. De si, do outro, da vida. Rir é o que o bom homem faz até mesmo quando falta alternativa.

S ‒ Silêncio...

T ‒ Trabalho: como diz o poeta Gonzaga Jr., sem ele, se morre, se mata.

U ‒ Último (chope): a maior mentira já dita, ouvida e repetida em uma mesa de bar.

V ‒ Volkswagen, Ford, Chevrolet, Fiat, BMW, Mercedes Benz, Toyota, Renault, Honda etc.

X ‒ XX ou XY: uma das poucas coisas que definimos no momento mais importante da vida ‒ o da renovação.

Z ‒ Zangão: macho da abelha, grande e inútil. Nosso destino, caso não haja uma nova consciência diante do avanço das mulheres.

4 comentários:

Poti Silveira Campos disse...

Oba!!! Comecei bem a sexta-feira com esta crônica

Juno disse...

Forte coisa, Rubem, (como se dizia no tempo dos escravos)E tu achas que a gente já não conhece todo este alfabeto? Para nós, mulheres, não é novidade. Talvez para alguns de vocês, sim. Ainda bem que reconheces:o homem nunca deixa de ser criança, só troca de brinquedos. Por essa razão, de vez em quando não faz mal levar um puxão de orelhas.

Rubem Penz disse...

Poti,
Melhor ainda é se terminar a sexta-feira ainda melhor!!!
Grato, Rubem

Rubem Penz disse...

Jussara,
Somos crianças para merecer beijos e homens para comprar brinquedos mais caros!!!
Gratidão, Rubem

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