Olá! Quer se encontrar comigo na 54º Feira do Livro de Porto Alegre?
Dia 7/11, sexta-feira, 20h, estarei autografando Pedra, Papel e Tesoura ‒ Contos de Oficina 38, junto com os demais autores, no térreo do Memorial. O livro, organizado pelo Prof. Assis Brasil, surpreende pela qualidade e diversidade de vozes literárias. Recomendo!
Sábado, 8/11, 17h30min, palestra Centenário de Cartola ‒ as rosas não falam, sala Arquipélago do CCCEV, com a Profa. Dra. Maria Regina Bettiol, o poeta Prof. Dr. Marlon de Almeida e o músico Rubem Penz (eu); canja sonora com David Sosa (voz) e Cristiano Fischer (violão), comigo na percussão. Horário bom, de graça e muito bacana!
Ficam os convites e meu abraço.
O OVO OU A GALINHA?
Quem nasceu primeiro: o homem na cozinha, ou a cozinha na área social da casa? Essa dúvida saiu da casca passeando com minha esposa pelas ruas do nosso condomínio. Afinal, em várias residências ‒ quase todas bastante novas ‒ a cozinha é vista na fachada, adiante até mesmo da sala de estar. E, não raro, são os homens que estão lá dentro, pilotando um belo fogão ao invés da churrasqueira. Aqueles mesmos que em tempos recentes se orgulhavam de não saber fritar um ovo ‒ atributo (defeito?) ligado ao machismo ‒, agora ostentam um avental bem-humorado.
Fácil de pensar que primeiro nasceu o homem na cozinha. Porque a mulher, depois de ser cozida em séculos de submissão, queimou o sutiã e quebrou os pratos. Assim, por livre e espancada vontade, o homem consentiu em dividir com ela as lides domésticas, cada vez menos realizadas por serviçais. Em um movimento coincidente ‒ e talvez não por coincidência ‒ uma série de inovações foram desenvolvidas para deixar a preparação do alimento mais fácil, prática e agradável. Eletrodomésticos com comandos eletrônicos; frigideiras, panelas e fôrmas antiaderentes; fornos e liquidificadores autolimpantes; cutelaria de luxo e molhos pré-cozidos, tudo criado por obra da engenharia de... homens! A galinha, também, passou a chegar limpa, separada em pedaços e sem pele. Uma barbada.
Porém, mesmo depois disso tudo, faltava o ornamento do prato: importar o status dos grandes chefs de cuisine e transformar o limão em limonada. Neste momento, preparar o almoço se transformou em artifício de sedução. O velho truque de conquistar pelo estômago mudou de lado e, cada vez mais, as mulheres passaram a apreciar os bons de colher de pau. Mas é complicado ser pavão em um ambiente arcaico e relegado aos fundos da casa. Foi quando caíram as paredes da cozinha ‒ que ganhou visual para a sala de jantar ‒ e seus móveis abiscoitaram uma beleza ímpar. Por fim, a peça conquistou um lugar de destaque nas plantas baixas, transformando-se na cereja do bolo. A novidade à mesa? Mulheres que, em matéria de panelas, não entendem um ovo. Com orgulho!
Ou nada disso: o macho da casa resistiu tudo o que pôde antes de esquentar a barriga no forno. Com isso, foi a cozinha em novo status quem primeiro nasceu. Todas as invenções que facilitaram a vida da dona-de-casa, mesmo quando criadas por engenheiros homens, vieram para ser usufruídas, sim, pela mulher. Ela, independente e brilhante, jamais poderia ficar excluída enquanto preparava o jantar, inspirando os arquitetos a integrarem os ambientes. E, só depois da rotina deixar de ser massacrante e a cozinha ganhar status na casa (e a empregada pedir as contas), apenas aí o homem foi convencido a aderir. Agora, mais do que nunca, está frito: o tempo do galo bebendo uisquinho no sofá terminou.
Eu não acredito que os homens sejam altruístas a ponto de revolucionarem a cozinha para suas mulheres e, depois, em generosidade suprema, ajudar em casa. Com a máxima de que a dor ensina a gemer, bastou a esposa começar a trabalhar fora para o mercado perceber a oportunidade de negócios ‒ homem no fogão, só sendo mais fácil e mais bonito. Com isso, o processador de alimentos nasceu depois de um marido chorar com a cebola. O teflon depois de ele gastar as mãos lavando uma leiteira. O forno de microondas para ele poder acordar dez minutos mais tarde. Entre o ovo e a galinha, acho que o primeiro a nascer foi o pinto: um rapazola solteiro, morando sozinho, precisando se virar e ainda conquistar a namorada. Isso: a idéia de integrar a cozinha à sala foi do pinto!
Dia 7/11, sexta-feira, 20h, estarei autografando Pedra, Papel e Tesoura ‒ Contos de Oficina 38, junto com os demais autores, no térreo do Memorial. O livro, organizado pelo Prof. Assis Brasil, surpreende pela qualidade e diversidade de vozes literárias. Recomendo!
Sábado, 8/11, 17h30min, palestra Centenário de Cartola ‒ as rosas não falam, sala Arquipélago do CCCEV, com a Profa. Dra. Maria Regina Bettiol, o poeta Prof. Dr. Marlon de Almeida e o músico Rubem Penz (eu); canja sonora com David Sosa (voz) e Cristiano Fischer (violão), comigo na percussão. Horário bom, de graça e muito bacana!
Ficam os convites e meu abraço.
O OVO OU A GALINHA?
Quem nasceu primeiro: o homem na cozinha, ou a cozinha na área social da casa? Essa dúvida saiu da casca passeando com minha esposa pelas ruas do nosso condomínio. Afinal, em várias residências ‒ quase todas bastante novas ‒ a cozinha é vista na fachada, adiante até mesmo da sala de estar. E, não raro, são os homens que estão lá dentro, pilotando um belo fogão ao invés da churrasqueira. Aqueles mesmos que em tempos recentes se orgulhavam de não saber fritar um ovo ‒ atributo (defeito?) ligado ao machismo ‒, agora ostentam um avental bem-humorado.
Fácil de pensar que primeiro nasceu o homem na cozinha. Porque a mulher, depois de ser cozida em séculos de submissão, queimou o sutiã e quebrou os pratos. Assim, por livre e espancada vontade, o homem consentiu em dividir com ela as lides domésticas, cada vez menos realizadas por serviçais. Em um movimento coincidente ‒ e talvez não por coincidência ‒ uma série de inovações foram desenvolvidas para deixar a preparação do alimento mais fácil, prática e agradável. Eletrodomésticos com comandos eletrônicos; frigideiras, panelas e fôrmas antiaderentes; fornos e liquidificadores autolimpantes; cutelaria de luxo e molhos pré-cozidos, tudo criado por obra da engenharia de... homens! A galinha, também, passou a chegar limpa, separada em pedaços e sem pele. Uma barbada.
Porém, mesmo depois disso tudo, faltava o ornamento do prato: importar o status dos grandes chefs de cuisine e transformar o limão em limonada. Neste momento, preparar o almoço se transformou em artifício de sedução. O velho truque de conquistar pelo estômago mudou de lado e, cada vez mais, as mulheres passaram a apreciar os bons de colher de pau. Mas é complicado ser pavão em um ambiente arcaico e relegado aos fundos da casa. Foi quando caíram as paredes da cozinha ‒ que ganhou visual para a sala de jantar ‒ e seus móveis abiscoitaram uma beleza ímpar. Por fim, a peça conquistou um lugar de destaque nas plantas baixas, transformando-se na cereja do bolo. A novidade à mesa? Mulheres que, em matéria de panelas, não entendem um ovo. Com orgulho!
Ou nada disso: o macho da casa resistiu tudo o que pôde antes de esquentar a barriga no forno. Com isso, foi a cozinha em novo status quem primeiro nasceu. Todas as invenções que facilitaram a vida da dona-de-casa, mesmo quando criadas por engenheiros homens, vieram para ser usufruídas, sim, pela mulher. Ela, independente e brilhante, jamais poderia ficar excluída enquanto preparava o jantar, inspirando os arquitetos a integrarem os ambientes. E, só depois da rotina deixar de ser massacrante e a cozinha ganhar status na casa (e a empregada pedir as contas), apenas aí o homem foi convencido a aderir. Agora, mais do que nunca, está frito: o tempo do galo bebendo uisquinho no sofá terminou.
Eu não acredito que os homens sejam altruístas a ponto de revolucionarem a cozinha para suas mulheres e, depois, em generosidade suprema, ajudar em casa. Com a máxima de que a dor ensina a gemer, bastou a esposa começar a trabalhar fora para o mercado perceber a oportunidade de negócios ‒ homem no fogão, só sendo mais fácil e mais bonito. Com isso, o processador de alimentos nasceu depois de um marido chorar com a cebola. O teflon depois de ele gastar as mãos lavando uma leiteira. O forno de microondas para ele poder acordar dez minutos mais tarde. Entre o ovo e a galinha, acho que o primeiro a nascer foi o pinto: um rapazola solteiro, morando sozinho, precisando se virar e ainda conquistar a namorada. Isso: a idéia de integrar a cozinha à sala foi do pinto!
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