SORRISO:
A PRIMEIRA MANCHETE DO METRO
Os
motoristas que circulam pela Anita Garibaldi cedo da manhã encontram, ao chegar
na esquina com a Carlos Gomes, um bom motivo para abrir a janela do carro: o
sorriso de Geórgia, promotora do Metro Porto Alegre. Já ouvira falar dela e a
conheci semana passada – um espetáculo à parte. E, citando-a, estou
homenageando as dezenas de profissionais que alcançam nosso jornal para os
leitores com muita simpatia e zelo.
Engana-se
quem imagina ser esse um trabalho simples. Em poucas horas, quase mil jornais
(quando esse número não é ultrapassado) trocam de mãos com a rapidez e
sincronismo do bastão no revezamento 4X100 olímpico – o que transforma a tarefa
em um misto de prova de velocidade e de fundo. Uma maratona no maior pique. A
vitória é atender ao olhar ansioso de quem conta com a notícia ali ofertada,
pois, assim como no mundo, o maior jornal em circulação já é uma tradição na
cidade.
Especialmente,
fiquei muito feliz em constatar a consciência dos promotores com relação à
importância de seu trabalho. A presteza com que atendem a todos se irmana à
urgência da notícia, essência do jornalismo. Eles são o derradeiro elo de uma
enorme corrente de profissionais. E contam com o privilégio de travar contato
com o leitor, olho no olho, colhendo suas impressões e conquistando sua
fidelidade. Sim: seja na banca ou nas esquinas, escolhemos nossos preferidos
para apanhar um jornal.
Vejo
em atos quase instantâneos como a troca de olhares para que o Metro mude de
mãos uma oportunidade para o espaço urbano manter viva a civilidade, a
humanidade, a cidadania. Uma fresta para escaparmos do ensimesmado e
competitivo trânsito, uma lufada de frescor em meio ao sufoco da metrópole. A
chance de sermos gente falando com gente, e não operando máquinas ou escutando
mensagens ditando procedimentos previamente programados. Um bom dia ao vivo,
mesmo no átimo do semáforo, vale mais do que se imagina.
Desde
a semana passada, ganhei um motivo a mais para dedicar carinho e atenção às
linhas da coluna. Já tinha muitos: a responsabilidade de ocupar esse espaço
nobre, o contentamento de fazer o que escolhi como profissão, o desafio de
estar à altura dos leitores e a certeza de que posso, em algum momento, ser
útil ou importante na vida das pessoas. O mais recente é ofertar aos promotores
a segurança de que capricho na minha parte: seus sorrisos jamais serão em vão.
Eles espelham o meu também.
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