30.11.12
Número 501
28.11.12
Coluna do Metro em 28.11.2012
Para ficar mais bacana, mais completo, estou migrando as publicações para o site www.rubempenz.net e, num só lugar, concentrar minha vida na web.
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Abraços, grato, Rubem
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23.11.12
Número 500
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21.11.12
Coluna do Metro Porto Alegre em 21.11.2012
16.11.12
De volta
Número 499
Rubem Penz
– "Esse foi um caminho sem volta." Sabe quantas vezes ouvi essa expressão? Incontáveis. Já me perguntaram antes: e aí, tem volta? Ora respondi que não, ora que sim – por ter sido trilhado, todo caminho de vida, na teoria, tem volta. O que falta, talvez, seja vontade de voltar. Ou tempo. Ou coragem. Ou esperança. Ou tudo isso. É preciso um motivo muito forte para se pensar em marcha a ré. Pare de rir, estou falando sério, Dolores! Por exemplo, voltar para cumprir o mesmo percurso soa insensato e, talvez, seja mesmo. No retorno, o que está em jogo não é o passado, e sim o futuro. Retroceder é outra forma de avançar, ainda que em sentido oposto. Sacou? Ir até determinado ponto no qual seja possível encontrar novos caminhos se justifica. Eis o problema: esses "novos" caminhos serão trilhas outrora possíveis e não escolhidas. Isso é tenso. Não me interrompa, não terminei... Voltar para resgatar alguém que ficara para trás também parece delirante. A única certeza para quem retorna por alguém é não encontrá-la mais no ponto da separação. Na melhor das hipóteses, uma ou outra pista indicará seu novo deslocamento, certamente diferente do que se supunha. Depois, restaria a dúvida, de parte a parte, sobre a vontade de seguirem juntos outra vez, e em qual direção. Assim, parece que, na maior parte das ocasiões, o mais correto é seguir em frente. Como diz o ditado, Deus escreve certo por linhas tortas e, nas curvas de adiante, sempre haverá a chance de encontrarmos o destino que julgávamos abandonado. Ou a pessoa que ficara para trás. Ou a que correra na frente. Quem sabe tudo isso pode estar bem na sua frente, no exato momento que duvidávamos possível! Entendeu? Novo e velho organizados em um só tempo – o presente. Conclusão: adiante, para trás ou em curva, o essencial é jamais pararmos! Não, não! Não feche a porta, mudei de ideia, mudei de ideia: paradas estratégicas podem salvar nossa vida. São perfeitas para recuperar o fôlego, ordenar os pensamentos, consultar o coração. Não deixam as decisões serem tomadas de cabeça quente. Permitem a reflexão sobre o que passamos, a mensuração da distância percorrida, a calma de um olhar para o horizonte. Por falar em horizonte, veja agora, Dolores, que lindo nascer do sol!
– Adamastor, Adamastor, Adamastor. Estou emocionada, querido. Aliás, seu discurso teria funcionado, com certeza... Anteontem. Agora, some da minha frente!
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14.11.12
Coluna do Metro Porto Alegre em 14.11.2012
9.11.12
De perto
7.11.12
Coluna do Metro Porto Alegre 07.11.2012
2.11.12
Surpreenda-me
Número 497
Rubem Penz
Surpreenda-me. Foi o que ela disse ao se despedir apressada. À noite comemorariam mais um aniversário do casal e, ano após ano, esse era seu único pedido: surpreenda-me. Mal ela sumiu para dentro do elevador, ele deixou o corpo escorregar com as costas apoiadas na moldura da porta até ficar de cócoras. Mãos na cabeça, cabelo entre os dedos, longo suspiro. Era uma segunda-feira. Sete e meia.
Enquanto trabalhava, ele passou a manhã pensando no assunto. Lembrou-se da vez em que a levou para fazer um piquenique em um descampado na cabeceira da pista do aeroporto. Entre o sanduíche de atum e o iogurte natural com canela, o rugir furioso e prateado das aeronaves tirando fininho. A toalha de mesa sobre a relva se transformou em lençol ao cair da tarde.
Ela passou a manhã envolvida com a análise final de um contrato que seu chefe assinaria no dia seguinte com os chineses. Culminância de quase dois anos de trabalho, três viagens internacionais, várias passagens por Brasília (com direito a sentar com ministro de estado), inúmeras caixas de remédio para enxaqueca.
À tarde, na pausa do café, ele se recordou de quando vendou os olhos dela e a fez adivinhar cada um dos dezessete sabores de uma sorveteria. Em cada acerto, um beijo demorado até a boca ficar quente outra vez – era a vez dele fazer a contraprova. Chamaram tanta atenção dentro do shopping que o gerente nem cobrou a fatura – ficaria por conta da multidão que juntou em roda, todos comprando sorvete. Rendeu até matéria de jornal. Ele guardou o recorte em algum lugar. Onde mesmo?
À tarde, foi ela a encarregada para a coletiva de imprensa. Diante das câmeras e dos gravadores, duelou com deputados que pareciam mais preocupados em auferir vantagens políticas e pessoais sobre o grande negócio que estava por ser firmado. Por vezes precisou segurar a raiva ao escutar loas ao papel do Executivo na transação. Como a criança é bonita, todos querem ser o pai.
Quando a noite chega, ele deixa com o porteiro do prédio um envelope contendo um endereço e o recado "vá de táxi". Diz ao rapaz que apenas entregue a ela sem dizer nada, é surpresa.
Quando a noite chega, ela voa para Brasília urgentemente. Avisa por mensagem eletrônica – surgira um impasse. Prioridade máxima.
Ninguém resta surpreendido.
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